Ontem o amor me ligou,
esbaforido,
provavelmente andava
enquanto falava comigo.
Perguntou como eu estava,
fingi que não entendi,
pedi a ele pra repetir
e depois, seco, respondi: ‘bem’
e ouvi: ‘eu também’.
Então por longos segundos
escutamos o silêncio um do outro.
Concordamos,
acanhados,
que há algum tempo
estávamos desligados.
Disse que gostei da surpresa,
mas que não esperava
após a saída à francesa.
Ele então sorriu,
sabia que era verdade,
mas explicou que sumiu
contra a sua vontade.
Perdido pela cidade,
contraíra saudade
e dizia ter nome
essa memória com fome.
Meu peito se encheu
mas não amoleceu.
Com naturalidade
(como se racional fosse),
disfarçou a alegria
ao saborear o doce
daquela voz que dizia,
nesse citar de poesia,
que voltaria a ter asas,
e ser dono do calendário,
então lhe cedi minha casa
e pedi pra mim seu diário.
Combinamos de nos ver
e desligamos.
Ainda há pouco nos encontramos
entre o estar e o ser.
Assim que nos vimos
disfarçadamente sorrimos,
deixando transparecer
o que não cabia esconder.
Conversamos bastante
intensos instantes
seu olhar me fazia carinho
enquanto o meu repetia o caminho
que descia até seus lábios
torcendo pelo presságio
que infelizmente
não saiu da mente.
Diante da realidade,
na impossibilidade
dos acontecimentos,
não houve lamentos.
Deixou-me um pedaço
farto de mar e companhia,
e uma porção palavras,
as mais carinhosas que tinha.
Depois me entregou
um abraço infinito
daqueles laços bonitos,
bem apertados,
com tamanho significado
que não se pensa em soltar,
sob a pena de atrair azar
e nunca mais encontrar outro.
Eu não quis arriscar,
enlaçado ainda me encontro.
Que perfeição é essa Thiago??? Enlaçada estou eu pelas suas poesias.
ResponderExcluirObrigado por me ler, fico feliz que gosta!
ResponderExcluirThi, esse é um dos meus favoritos. Não pare, por favor ♥
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