É que eu e meus colegas
ourives
temos esse poder
imprestável
de embelezar o invisível.
Um ofício passível de não agradar.
Ainda sim fotografamos
desenhamos e escrevemos
a fim de eternizar
toda poesia que resiste
ao veneno que persiste
destruindo poesias boas.
E eu entendo as pessoas
como você
que não gostam
de versos tristes.
Eu também gostaria
que eles não existissem.
São chocantes demais
para expor na estante
mas infelizmente,
existem aos montes.
As vejo e ouço
pois meu coração nunca aprendeu
a se esconder no bolso
como convém
quando essas poesias vem.
E sabemos muito bem
que elas nos veem também.
Como aquele homem
ao lado do filho
entre o sol e o asfalto em brasa
que fugiu do gatilho
para o farol
da esquina da sua casa.
O viu?
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