Nos cumprimentamos
com um beijo no rosto
sem gosto e habitual
ao tipo de casal sem sal
que nos tornamos.
Acreditava piamente
que a gente ficaria junto
infelizes para sempre
até virarmos presunto.
Mas algo tinha acontecido
ou estava acontecendo
em nosso amor falido.
O prazo tinha vencido
e eu não tinha notado
o cheiro de estragado
em nossa paz amarela.
Mas paciência dela
apitava a panela de pressão
que cozinhava nossa relação,
então, ela preparou o enterro.
Começou dizendo
que a verdade é um erro,
que queria nossa felicidade,
e que aprendeu muito comigo,
que sou companheiro, amigo,
engraçado, interessante,
descolado, inteligente,
simpático, bonito,
gentil, carinhoso, gostoso
e um monte de outras coisas
anormais e legais,
em seguida,
disse que não me queria mais...
Eu fiquei mudo...
Foram longos segundos
ruminando a mensagem...
Também aprendi muito.
Decidi acreditar em tudo
e sair com alguma vantagem.
Agradeci e segui viagem.
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