segunda-feira, 15 de abril de 2013

delírio


já imaginou se o jornal só tivesse notícia boa 
se o dólar não subisse 
se o palmeiras não caísse 
se a mega-sena fosse fácil 
e se o bis não acabasse 

se ninguém passasse fome 
se nenhum político roubasse 
se todo homem fosse bom 
se cazuza tivesse vivo 
se coca-cola não fizesse mal 
se doce não enjoasse 
ou se o verde fosse legal 

e se não houvesse miséria 
se ninguém fizesse guerra 
se o mais simples fosse importante 
se sorrir fosse lei 
se a tristeza não viesse 
se amor não machucasse 
e se saudade não doesse 

se o inverno não castigasse 
se distância não separasse 
se o verão não desabrigasse 
se dinheiro fosse mato 
se o outono não fosse seco 
ou se a primavera prevalecesse 

se todo mundo tivesse pai 
se só imperasse a paz 
se trabalho fosse vontade 
se a polícia não prendesse 
se bandido fosse coisa de Hollywood 
e se todo ser tivesse casa 

se o capelinha viesse vazio 
se o trânsito não parasse 
se a cidade não fosse de pedra 
se amigo não morresse 
se colo de mãe nunca faltasse 
e se abraço fosse remédio 

se encontrar alguém fosse fácil 
se música fosse obrigação 
se arte tivesse apoio 
se poesia mudasse o mundo 
e se poeta não fosse duro 

se tudo fosse tão lindo 
quanto o balanço daquele vestido 
com o vento bailando
só exibindo 
que o melhor 
está escondido

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