terça-feira, 5 de junho de 2012

Desprendimento


Em preto e branco 
Seguram minhas mãos 
O instante de alegria, congelado 
onde vejo-me abraçado 
ao meu mais antigo amor. 

Lembro, no meu passado, 
Ele sempre predominou 
O conheci antes da vida 
Na barrigada ainda 
Quando de lá ouvia: gool 

Nesse retrato vejo 
São sim outros tempos 
Mas o mundo não, é o mesmo 
As lágrimas de ontem, ainda caem 
Quando não, se escondem 
Em sorrisos que mal saem 

Com alguma inteligência 
Minhas mãos calejadas, 
se educaram a transformar 
O mundo todo em palavras 
As quais aprendi a amar 
Com elas aprendi a ler 
A saber sobre o que falar 
Permitiu a mim conhecer 
Através de um desconhecido olhar. 

O circo arranca sorrisos 
Acalanta o cego coração 
Que só leva prejuízo 
Nessa vida de desilusão 

Onde pouco se dorme 
Trabalhar é a recompensa 
O pão que disfarça a fome 
Enche, mas nada sustenta. 

São tantas ideias famintas 
por alimento e conhecimento 
Vagando como espíritos 
Que engana-se quem pensa 
Que o povo se contenta 
Apenas com pão e circo. 

Por isso hoje celebro 
O meu desprendimento 
Tenho dois grandes amores 
E ambos moram aqui dentro 
Timão na libertadores 
Acelera sim o meu peito 
Mas quarta-feira tem Cooperifa 
A poesia venceu, não tem jeito.

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