terça-feira, 7 de janeiro de 2014

2, 1000 e 14

Num vale, 
velas e silhuetas
eram o set do sete 
que vinha na reta.

Setas incertas 
de mais um ciclo
que nascia no escuro.

Ainda em cima do muro,
fitando a mim, 
me questionou o futuro. 

Eu, incerto,
com a perna e pena inquieta,
admiti, em sussurro,
que não tracei metas,
somente essa poesia
enquanto absorvia o abismo 
onde me via, a esmo.

No fundo, no fundo, eu sabia:
só seria poeta mesmo, 
desses flerta com cada hora 
que se distancia do agora.

Sem expectativa de nada,
pensei: aguardarei atento,
debochando do tempo,
fiscalizando o vento e a alvorada,
ao relento, na minha estrada.

Esperando ser alcançado
por tudo que passei voado
enquanto estive apressado,
encurtando essa curta jornada.

Escrevendo e descrevendo
o que vocês estão vendo 
todos os dias, mas não notam 
ou não se importam 
mas se chocam ao ler numa poesia.

Seria eu muito rapaz
para já não desejar mais
que as nuances do abecedário
e as improváveis chances 
de um romance que me balance 
e ranque meu coração do armário?

Talvez adote um diário
que valha-me de jardim
para cultivar alguns plugins 
(somente o necessário)
para fazer os logins
nesse mundo imaginário
onde construo o antiquário de mim.

Também almejo voar, 
à mar,
mas dispensarei a capa 
(como fiz com as caspas),
usarei meus fios de asas
para encontrar um esquema,

Um jeito de sair dessa casa
e morar entre as aspas de um poema 
que possa reconstruir minhas penas 
ou apenas,
antes de me fazer moribundo,
me diluir em pequenas 
doses de amor profundo.

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