domingo, 2 de junho de 2013

É público


Peguei o ônibus lotado,
não consegui sentar,
já estou acostumada.
O bilhete zerado,
joguei um papo furado,
consegui carona e um sorriso,
nem era dos mais bonitos,
mas de tão sincero,
me foi lindo.

Arranjei um lugar
espremida sem segurar,
tenho nem 1,50m
é difícil alcançar,
mas sempre teimo em tentar.
É inútil o sacrifício,
porém, causa riso,
na senhora cheia de sacolas,
sentada à minha frente,
no meio de tanta gente.

Cada ponto, 
passageiro subindo, saindo,
passando a catraca,
falando da vida,
reclamando da lida,
seguindo seus caminhos.

O motorista dá uma freada,
sinto um pé embaixo do meu...
Peço desculpas sem graça,
uma moça com cara de brava,
não resisti e solta uma risada,
ao me ver atrapalhada.

Pego ar para a próxima missão,
mergulhar em busca da porta,
remando contra a maré,
difícil até ficar pé.

Um neném no colo ao me ver,
parecia entender,
o que eu pensava,
enquanto passava. 
Então inundou-nos 
com uma gargalhada,
daquelas que enchem o peito,
só de ouvir.

O trânsito é um inferno,
o transporte público um lixo,
a condução um absurdo.
O prefeito não se importa,
o governador, só piora.
Eu não tenho dinheiro,
resolvi roubar sorrisos.

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