Marginais transitam
na zona morta de manancial,
asfaltada, retificada,
intransitável marginal.
Não há margem nem espaço.
Diferentes espécies de aço
por metro quadrado plantadas,
paradas, posam para o retrato
de seu legítimo cartão postal:
o trânsito imperial.
Na dramática cidade,
onde a calamidade ecoa,
a previsão nunca é boa,
tudo vira tempestade
mesmo que caia garoa.
Nada combina
com o som da buzina
emitida por tantos carros.
Não preenche a falta da cigarra
e justifica tanto cigarro.
No tráfego de Hollywood,
enlatados no engarrafamento,
o suicídio é mútuo, fortuito e lento.
Para brisa, fumo vento,
com seu dióxido perfume.
Ao verde dos vagalumes
seguir em frente, eu tento.
Como lesma, lenta
grudada no asfalto quente.
Busco alternativas de fugas,
arrumo rugas e rusgas,
me faço sobrevivente.
A pressa é a maldição,
pra onde quer que siga
não há quem consiga
desacelerar o coração.
O nada se faz horizonte
entre pontes, favelas e prédios.
Afogo-me nesse tédio
pois sei que não há remédios
para a contradição em evidência:
encontramos a solidão
buscando a independência.
Há filas por todo lugar,
chegará o dia em que a poesia,
por não conseguir transitar,
cessará de vez sua labuta
de retratar a cidade bruta,
erguida por muitos filhos da luta
em prol de alguns filhos da puta.
Sampaulo
a previsão é de
chuva fina no meu pára-brisas
.
os vagalumes costuram o trânsito
apago as cigarras. fumo mesmo assim
vendo o trâfego. marginal
.
do quarto pra sala o trânsito é lento
nos corredores 155km de engarrafamento
no menor metroquadrado com vista pra nada
.
nesta cidade
fila………..… de solidão
fila………………………….fila da puta.
Gostei muito daqui, então resolvi ficar, seguindo!
ResponderExcluirbeijos