terça-feira, 29 de maio de 2012

Dilema do Fernão

Há tempos apaixonado 
Fernão já não sabe mais 
Se pensa melhor no caso 
Ou se tá esperando demais. 

Forte, 
e com tremenda falta de sorte 
a vida inteira lhe faltou amor 
Por duas vezes se casou 
Mas nunca se apaixonou. 

A primeira, 
Dona Flor, 
Ótima lavadeira, 
mais parecia trepadeira, 
deu para vizinhança inteira. 

Era boa parideira, 
qualidade que Fernão 
Ao lamentar-se, junto a seu cão 
Ressaltava, a sua maneira. 
“Nisso era boa, aquela tranqueira”. 

A segunda, 
Raimunda, 
Era feia de cara 
e de corpo então, 
nem se iluda 
Não merecia um assobio, 
tão pouco causava arrepio, 
mesmo estando desnuda. 

Fernão aguentou o quanto pôde, 
até que num dia de sorte ela sumiu, 
fugiu com o dono do Açougue. 
“E eu que pedi a morte” 
Pensou, espalmando o peito, 
Lembrando o pedido feito 
na noite anterior, em seu leito. 

Essa ele superou rápido, 
Mas pensou desejando ao máximo 
que a paixão não mais o incomodasse. 

Como isso não se escolhe 
Hoje Fernão se encolhe 
pra não entrar noutro dilema 
Pois a meses a seco ele engole 
Uma paixão que tem vida e nome: 
Maria Madalena. 

Linda mulher, 
vale até um poema. 
Bela silhueta, impecável cheiro, 
Olhar brilhante, certeiro. 
Acertou Fernão em cheio 
Que relutou pra aceitar que o jeito 
Era roubar ela do Bicheiro. 

Há tempos apaixonado 
Fernão já não pensou mais 
Sabia o que ia fazer 
E já tinha esperando demais.

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